Histórinhas da Trilha

Vamos  colocar aqui todas as histórias e contos que aconteceram durante as trilhas
Histórinhas das trilhas - Verdadeiras...

HISTORIA DE DAR MEDO
Por José Luiz Santos - Lambari-MG


     Certa tarde em Lambari nos meados dos anos 90, eu e o Jarbas meu companheiro, dois tarados por trilha, resolvemos dar uma "voltinha" noturna, 100 km de ida. Saímos de Lambari por volta da 18:00hs sentido a cidade de Conceição do Rio Verde e dali para São Tomé das Letras. Eu de Honda XLX 350 e Jarbas de Yamahaa XT 225.
      Na estrada perto de São Tomé das Letras, entre uma pedreira e a Cachoeira Vale das Borboletas, morro acima, lá pelas 21 horas mais ou menos, avistamos uma porteira fechada, diminuímos a velocidade para abri-la.  E quando de repente nos aproximávamos da tal porteira, essa como num passe de mágica se abriu, sem vento,  sem ninguém, sem nada! Sozinha!! Dai meu filho, saírmos numa correria doida até S. Tomé e sem nem conversar um com o outro e foi um pulo só. Chegando lá...
     - Você viu? Perguntei ao Jarbas...
     - Vi! 
     - Cê tem alguma explicação? Falei...
      - Não! Respondeu o Jarbas...
      Tomei mais um conhaque para esquentar e disse: - Por ali eu não volto!
      - Nem eu. Respondeu Jarbas...
      E até hoje, toda vez que eu passo por lá tenho uns arrepios.
 
 
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Na trilha com o Gilsão...
É um cara muito engraçado e tem um amor... Uma  Suzuki RMX 250 96
Ah! Tem uma mochila também que já faz parte do corpo...

     Certa vez, estávamos subindo o morro da Ana Júlia (homenagem a minha filha), e esse subidão era novo, pouca gente conhecia, e numa dessas trilhas que a gente faz, levamos o Gilsão pra connhecer o lugar!
     O lugar tem uma torre de energia elétrica muito grande e as motos passam por baixo, o morro é cheio de degraus e bem inclinado...
     Aí, chegando lá, uns foram tentando, outros foram rompendo, mais a maioria assistindo os rôias espalhando pra tudo quanto é canto...
Parei perto do Gilsão, e falei:
(Eu) - E aí? Gostou?
(Gilsão) - Meu! Muito loco o lugar, meu! Tô loco pra acelerar meu! A moto tá um Tesão!
(Eu) - Sobe lá então! Acelera essa carniça!
(Gilsão) - Meu, não sei do que vocês falam dessa moto, ela é um tesão meu!
     La vai o Gilsão, tenta uma, duas, três e na quarta desiste! Nada fazia o homem subir, nem a turma tirando uma com a moto dele! Uma RMX 250 96, escapamento nunca foi descarbonizado, ela até queria ir, mais o piloto não ajudava muito! Dinheiro pra comprar uma DRZ 400 ele tem! Mais é uma paixão com essa moto, já é casamento perpétuo!
Aí eu dei uma dica:
(Eu) - Gilsão, meu filho, já que essa bicheira tá te batendo, deixa eu te ajudar! Vai do lado direito da torre, beirando aquela moita ali no meio, enfia a mão no acelerador que ela vai romper esse morrinho!
(Gilsão) - Pô meu! A moto tá um tesão! Só que não estou conseguindo controlar muito! Ela é muito forte, um tesão essa moto!
     Lá se vai o Gilsão, espetáculo garantido! Todos vendo! Cena que ninguém queria perder!
     Muita atenção nessa hora! Minuto de silêncio... Ôpa... Palmas! Tá lá um corpo estendido no chão! Minha nossa o que que eu fiz? Caramba! Caraca!! Jesus!!
     O quadro era o seguinte, RMX 250 96 lááá...  L o n g e...  Mochila inseparável  mais ao norte e o corpo aqui em baixo no pé da torre. Esse corpo desceu numa velocidade!!! Fez de 0 a 100 Km/h em milésimos de segundo!
Todos já com as mãos na barriga de tanto rir!
 Perguntei:
- O que aconteceu Gilsão?
Ele todo assustado responde tirando o capacete: - Esse viado aqui meu! Mandou eu acelerar do lado direito da torre e não me avisou que tinha um cupim no meio da moita meu! Puta sacanagem!
Aí  perguntei novamente:
- Gilsão e a moto?
Ele responde todo afirmativo e balançando a cabeça positivamente!
- Puts, meu! A moto tá um tesão! E desmaiou!!


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Pneu Kichute

Alguém se lembra do tênis Kichute?
A moçada mais nova nem imagina. Mas esse tênis fez muito sucesso nos pés de muitos de nós. Ou com pais e irmãos mais velhos, em fim de uma geração inteira aí para trás usou muito essa fera.









 FamosoTênis Kichute, veja as travas na sola

Certa vez, um turma de Três Corações, aquelas das antigas, o famoso e lendário Bezerra, Paulo Musa, Helias Naback, Cula, entre outros estavam abrindo novas trilhas lá pelos lados da serra de Lambari.
Eles precisavam emendar uma trilha na outra, e chegaram numa fazenda. Perto de uma casa, onde chamaram pelo dono...

- Oh! De Casa?
Passado alguns minutos saiu de lá pai e filho.
- Opa! Bão? Hummm...
Pai e filho olhando aquela turma com o se fosse Extraterrestre, pois naquela época eram poucos os treeiros na região, tinha muita trilha virgem
- Oh! Patrão, estamos aqui invadindo sua casa, estamos meio perdidos... (Conversa mole)
O rapaz, filho do homem proprietário do lugar, olhando as motos, encantado com as roupas e botas
- Tem problema não, pode chegar, fica a vontade! Vamu chegando...
O rapaz lá... Examinando tudo. Aquilo era novo pra ele, só se via aquelas motos em revista
- A gente tá pedindo passagem, para subir esse morro aqui e atravessar a serra lá do outro lado!
O rapaz, já deu  uma erguida no corpo, tirou os olhos da Yamaha DT 180 N vermelha do Paulo Musa, e virou de frente para o morro já imaginando coisas...
O pai também olhou pro morro, deu aquela cuspida, botou a mão no queixo e falou:
- Uai, tem jeito não! Aí ôceis num sobe! Tá louco? O cavalo dos cêis vira por riba da cacunda!
É uma cambota só!
- Que isso? Sobe sim moço!
- Num sobe?
O rapaz, entuziasmado, já deu um passo pra frente,  mais uma examinada nas motos e falou:
- O pai, deixa eles subirem! Esse trem deve de ser bão sô!
O pai responde:
- Mais aí nem burro sobe rapaz! O nosso burrinho dá o que fazê pra vará lá riba!
Um falou:
- Deixa nós tentar, se num dé, voltamos. Beleza?
O pai:
- Então-se... Vai! Pode subir, nóis deixa! Mais tô avizando... Trem é bravo mêmu!
Aí! Um  mais fuçado da turma, daqueles entrão, que gosta do trem no desespero, já ligou a moto e saiu em disparada. Nisso foi um atrás do outro que nem loucos! Acelerando, jogando terra pra trás, poerão danado, fumação de óleo 2 tempos, um fuzuê dos inferno, os dois lá no meio, aquela coisa, tudo tonto, confuso, olho ardendo de fumaça! A muié já tava na porta com a mão na cabeça... Cadê meu fio?
E assim as motos foram subindo o morro, os dois correndo atrás daquele povo desesperado, acelerando querendo passar um por cima do outro, num alvoroço e aquilo vai indo, foi fondo, foi fondo, subindo...
O pai fala:
- Nossa Senhora da Aparecida!
O filho todo empolgado, na emoção grita:
- Pai do céu, esse povo é tudo louco, tão subindo o morro mesmo! Nossa!
O pai responde:
- Nossa Mãe! Tem uns empinando, vai virar por cima da cacunda memu!
O filho maravilhado com aquilo tudo, correndo atrás das motos fala:
- Pai, eu não quero mais aquele burro não! Vou comprar cavalo nada! Eu quero é um trem desse! Oia como que sobe pai? Rá! Compra pra mim, sobe que é uma beleza!

- Meu filho! Sobe mêmu!
- Também essas moto tudo de pneu Kichute!